quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Teste: iPhone 5 traz boas atualizações, mas novo conector é soco nos usuários

Via UOL Tecnologia
http://m.tecnologia.uol.com.br/noticias/nyt/2012/09/20/teste-iphone-5-traz-boas-atualizacao-mas-novo-conector-e-soco-na-cara-de-usuarios.htm

Se você tivesse cursando na faculdade uma matéria chamada iPhone, o seu professor talvez identificasse três fatores que tornaram o smartphone da Apple um megassucesso.

Primeiro, o design. Uma empresa única, conhecida por sua obsessão com detalhes, produz tanto o hardware quanto o software, e o resultado é um todo harmônico, coerente.

Segundo, a qualidade superior dos componentes. Por ser a maior empresa de tecnologia do mundo, a Apple pode dar as cartas em relação aos seus fornecedores. Muitas vezes consegue incorporar novas tecnologias antes dos rivais –como o vidro Gorilla resistente a arranhões, ou a tela Retina supernítida.

Terceiro, compatibilidade. A onipresença do iPhone gerou um universo de acessórios aos quais ele se encaixa. Basta entrar em um quarto de hotel e provavelmente haverá um conector de iPhone no relógio da cabeceira.

Se você tivesse de escrever um trabalho para o seu curso de iPhone, talvez iniciasse com este argumento: ao criar o novo iPhone 5 (US$ 200 com contrato nos Estados Unidos; ou cerca de R$ 404), a Apple reforçou suas duas primeiras vantagens. Por outro lado, entregou a terceira em uma bandeja de prata aos rivais.

Design

Vamos começar com o design. O novo telefone, todo preto ou todo branco, é belo. Especialmente o preto, cujo corpo de alumínio brilhoso, preto no preto, de vidro e alumínio lembra o design de um caça ultramoderno. Houve rumores que o iPhone 5 teria uma tela maior. Seria enorme, como a de muitos telefones Android? Aquelas telas gigantescas são placas desconfortáveis no bolso, mas são fantásticas para mapas, livros, sites e filmes.

No final, a nova sensação do iPhone não tem nada a ver com o tamanho gigante de seus rivais. Ele tem as mesmas 2,3 polegadas de largura, mas a tela ficou mais alta em meia polegada -- 176 minúsculos pixels.

É uma mudança agradável, mas não é uma grande transformação. Você ganha uma fileira a mais de ícones na tela inicial, mais mensagens nas listas de e-mail, teclado maior quando em modo paisagem e uma visão mais expansiva de todos os outros aplicativos originais (os programas que não são Apple poderão vir a explorar a tela mais larga. Até lá, eles ficam no centro, ladeados por barras negras muito estreitas e discretas).

Com 7,6 milímetros de espessura, o telefone é mais fino do que o anterior e isso é impressionante – trata-se do aparelho mais fino do mundo, segundo a Apple. Também é mais leve, com pouco menos de 110 gramas; ele desaparece completamente no bolso. O iPhone ficou tão leve, alto e plano que está em vias de se tornar um marcador de leitura.

Componentes

Segunda vantagem: os componentes. Desta vez, não há uma característica muito inovadora, nem tela Retina, nem Siri (para o reconhecimento do pensamento, teremos de esperar pelo iPhone 13).

Ainda assim, quase todos os componentes foram melhorados, com foco no que conta: tela, som, câmera, velocidade.

iPhone 5 agora é um telefone 4G LTE, o que significa que, em certas cidades de sorte, você tem conexão com a internet absurdamente rápida (nos Estados unidos, Verizon tem de longe mais cidades LTE, com AT&T em um segundo lugar distante e a Sprint na rabeira).

O próprio telefone também é mais veloz. Seu novo processador tem o dobro da velocidade, segundo a Apple. Poucas pessoas reclamaram da velocidade do telefone antigo, mas este certamente voa.

A tela agora tem melhor reprodução de cores. A câmera dianteira captura vídeos de alta definição (720 p). A bateria oferece o mesmo tempo de conversa que antes (oito horas), mas acrescenta mais duas horas de acesso à internet, mesmo nas redes LTE. Em termos práticos, há menos dias em que a bateria morre na hora do jantar – uma ocorrência frequente com os telefones 4G.

A câmera está entre as melhores que os telefones já tiveram. Suas fotos em ambientes escuros superam em muito os mesmos esforços com um iPhone 4S. O tempo entre acionamentos foi ampliado em 40%. E você pode obter fotos mesmo quando grava vídeos (1080 p alta definição, é claro).

Até aqui tudo bem, mas agora, vamos o terceiro ponto, o da compatibilidade universal.

Compatibilidade

Agora que o iPhone já tem uma década, o conector do carregador está em toda parte: carros, relógios, aparelhos de som e até instrumentos médicos. Mas o novo iPhone não se encaixa em nenhum deles.

A Apple chama o substituto de conector de Lightning. É muito mais robusto do que o antigo e muito menor, com 0,7 centímetro em vez de 2,1 centímetros. E não tem um lado certo – você pode inseri-lo de qualquer lado. Quando se encaixa, faz um clique satisfatório e, ainda assim, é fácil de retirar. É o verdadeiro modelo de conector moderno.

Ótimo. Mas não se encaixa em nenhum dos acessórios existentes, caixas de som ou carregadores. A Apple vende um adaptador por US$ 30 (cerca de R$ 60,6) nos Estados Unidos (ou US$ 40 com um cabo de 25 cm). Se você tiver alguns acessórios, facilmente poderá ter que desembolsar US$ 150 (cerca de R$ 303) em adaptadores para um telefone de US$ 200. Isso não é um tapa na cara dos clientes leais – é um soco no olho.

Mesmo com o adaptador, nem todos os acessórios funcionam com o Lightning e nem todas as características do antigo conector estão disponíveis. Por exemplo, você não pode enviar os vídeos do iPhone para um cabo de TV.

A Apple diz que a mudança era inevitável – que o antigo conector, depois de dez anos, precisava desesperadamente de uma atualização. Ainda assim, a empresa entregou uma de suas maiores vantagens competitivas.

Outras novidades

O telefone vem com um novo programa, o iOS6, cheio de melhorias, grandes e pequenas. Ele pode ser baixado gratuitamente e também roda no iPhone 3GS, iPhone 4 ou iPhone 4s. As principais atrações do iOS6 são um aplicativo completamente novo de GPS/mapas (a Apple se livrou do Google Maps e criou seu próprio aplicativo); novos talentos para o Siri, o assistente ativado por voz (ele agora responde a perguntas sobre filmes atuais, esportes e restaurantes); e respostas gravadas fáceis de acessar para responder chamadas (como “estou dirigindo –ligo depois”).

Há também um novo modo panorama para a câmera, que é mais prático do que costumamos imaginar. Enquanto você vai girando o telefone a sua volta, ele costura várias fotos em uma imagem superlarga de 28 megapixels. Diferentemente de outros aplicativos e telefones com modo panorama, este é totalmente automatizado e oferece uma imagem do panorama enquanto você está tirando.

Vale trocar?

Se vale a pena comprar o novo iPhone, enquanto há telefones Windows e Androids que oferecem velocidade igualmente impressionante, além de beleza e acessórios?

O iPhone5 não acrescenta nada a essa antiga discussão. O Windows Phone oferece um design brilhante, mas fica para trás em aplicativos e acessórios.

Os telefones Android oferecem muitas escolhas: você pode pegar um de tela enorme, por exemplo, ou um com cartão de memória ou chips NFC (comunicação na qual você pode trocar arquivos com outros NFC, ou comprar coisas em certas lojas). Mas o Android, no todo, é maior, mais caótico, mais cheio de problema e mais fragmentado -- nem sempre você pode baixar a versão mais nova do software do telefone.

Os iPhones não oferecem tanta escolha ou flexibilidade. Mas eles são mais bem acabados e têm um projeto mais consistente, com um catálogo de aplicativos maior, apesar de mais fortemente regulado. Eles oferecem controle de voz Siri, a melhor loja de música/filme/TV e o tamanho do telefone e peso viraram quase nada.

Se você tem um iPhone 4S, adquirir um iPhone 5 significaria romper seu contrato de dois anos e pagar uma penalidade dolorosa; talvez não valha a pena. Mas se você teve a disciplina de esperar por duas gerações de iPhone –uau, agora você vai se esbaldar.

A questão da mudança do conector é realmente uma pena. Será que a Apple não se preocupa em perder a lealdade dos clientes e as vendas? De fato, a Apple tem um longo histórico de matar tecnologias antigas, de forma cara e inconveniente; tecnologias que o público amava –mesmo algumas que a própria Apple havia originalmente desenvolvido e promovido. De alguma forma, a vida segue e a Apple só cresce.

Então, se você quisesse concluir seu trabalho do semestre projetando o impacto do novo conector sobre a popularidade do iPhone, seria interessante escrever, “muito pequeno (suspiro)”. Quando pensamos a respeito, todos nós já tivemos essa aula antes.

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